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Anjos sem asas

Imagem Anjos sem asas

 

Eu ainda era muito pequena, mas recordo quando minha mãe dizia:

 

— Durma com os anjos!

 

Na minha cabeça, os anjos tinham asas e eram figuras maiores do que as pessoas. Na minha imaginação, certamente voavam! Tenho, hoje, um anjo ao meu lado. Ele não é maior do que as pessoas, tampouco voa ou tem asas. Mas, ele me guia o tempo todo; é meu anjo de quatro patas!

 

Desde que perdi a visão, devido a uma doença degenerativa da retina, fui sentir novamente liberdade, segurança e independência quando Toby – um labrador preto, que hoje tem oito anos de idade – começou a fazer parte da minha vida. Quando completou um ano e sete meses, ele recebeu a missão me guiar; eu pude sentir, novamente, independência com segurança.

 

São muitas coisas boas que ele me trouxe, mas vou relatar apenas algumas...

 

Hoje, posso desfrutar da sensação de caminhar no Parque da Cantareira com liberdade, no meu ritmo, até atingir o alto da serra. Foi com Toby que retomei a rotina que tinha antes da perda da visão. Ir ao trabalho sozinha, tendo que enfrentar o ônibus e o metrô, foi também uma conquista com ele ao meu lado.

 

Para que tudo acontecesse, participei de um processo que teve início na inscrição no Instituto IRIS, seguido pela espera durante quatro anos e por um árduo treinamento e adaptação no Brasil e Estados Unidos.

 

Mas, por que há poucos cães-guia no Brasil? O processo é longo e se inicia com a socialização de filhotes – quando são acolhidos por um período de um ano. Na prática, a família leva o cachorro a todos os locais: shoppings, transporte público, parques, escritórios, entre outros. O objetivo primordial é acostumar o cão à vida sociedade; a enfrentar situações do cotidiano. Após esse período, o cão volta à escola para o processo de treinamento que vai capacitá-lo a atuar como cão-guia. Essa fase dura cerca de cinco meses e é conduzida por treinadores altamente qualificados.

 

Em paralelo, os candidatos são avaliados para a futura designação do cão-guia – que deverá ter o perfil e compatibilidade do condutor. Portanto, nem sempre o primeiro da fila será contemplado na ordem de inscrição. Feita a escolha a dupla, a pessoa com deficiência e o cão-guia terão que interagir por cerca de um mês. Este aprendizado é acompanhado intensivamente por um mês, mas ao longo do tempo temos sempre supervisões para avaliar a dupla.

 

Nesse processo são necessários muitos recursos para que tudo aconteça! É justamente o IRIS que busca esses recursos para doar os cães-guia, contando com a ajuda de doações, parcerias e patrocínios.

 

Você também pode contribuir e fazer parte deste processo!

 

Erséa Maria Alves

 

Vice-presidente do Instituto IRIS